Acordei com o som metálico da campainha que ecoava por todo o canto, já era por volta das duas horas da manhã, levantei-me para ver quem era tão tarde da noite. Meu marido estava dormindo como uma pedra e por conta disso, não ouviu todo o som sequencial feito pela campainha.
Coloquei um roupão, calcei minhas pantufas e ainda bocejando desci as escadas em direção a sala, ao chegar na sala acendi a lâmpada e fui de encontro com a porta para verificar quem era a essa hora da madrugada.
– Quem é? – perguntei ainda bocejando.
– Perdão, é que meu carro enguiçou aqui em frente – disse uma voz masculina no outro lado da porta.
– Eu só quero o telefone emprestado para ligar para um amigo, coisa rápida, – talvez ele possa me ajudar – continuou ele claramente.
– Tem uma oficina com serviços vinte quatro horas a três quadras daqui, você pode ir até lá, eles saberão o que fazer – indaguei nervosa, com medo dele tentar alguma coisa ruim.
– É que preciso muito conversar com meu amigo, sabe? Vai ser rápido, prometo – insistiu o homem com um tom de inquietude.
– Me desculpa, mas não posso deixar você entrar.
– Você está só em casa, senhora? Se seu marido estiver posso falar com ele, se possível, claro – perguntou ele com uma voz mais sombria e gélida.
– Ele está dormindo lá em cima, e detesta ser acordado. – Me desculpa mesmo por não poder ajudar – respondi prontamente.
– Entendo! Você pode ligar para ele por mim? E pedir para ele me encontrar na oficina, por favor? Ele se chama Ricardo.
– Sim, espera um momento enquanto pego uma caneta para anotar o número – falei enquanto ficava em pé diante da porta sem mover um músculo, tentando ouvir algo de incomum no outro lado.
– Pronto, já peguei – falei segundos depois ainda parada no mesmo lugar.
– Pode falar o número.
– O número é 555051676, anotou?.
– Sim, já vou ligar – disse me afastando lentamente da porta.
Fui caminhando lentamente até o telefone fixo na parede próxima a televisão para não causar suspeitas, fiquei parada em frente ao telefone por um minuto. Logo depois voltei até a porta. Aquela altura já estava ficando com medo daquele homem mistério, sua voz passava o sentimento de algo sinistro e macabro, tudo que se passava em minha cabeça era vontade de fazê-lo ir embora o mais rápido possível.
– Ok, já conversei com ele, ele falou que você pode esperá-lo na oficina, também falou que daqui uma hora chegará lá.
– Tudo bem, obrigado senhora, nós vamos fazer isso – disse o homem com ironia em sua voz.
– O que?! Nós! – exclamei assustada, enquanto o homem se afastava da porta. Ao longe dava para escutar outra voz, passos e uma risadinha abafada, era tudo realmente assustador.
A essa altura já estava morrendo de medo, cobrindo minha boca para que não escapasse nem um grito e assim acordar o meu marido. A sensação de que aconteceria algo ruim tomava por completo o meu corpo. O que eu estava evitando aconteceu, meu marido logo depois de ouvir toda essa barulheira desceu as escadas e me perguntou o que estava acontecendo, falei que não era nada, já que era apenas um cara qualquer querendo um favor e, que não precisava se preocupar, já o tinha ajudado.
Mas, isso não era verdade, minutos depois escutamos um barulho vindo dos fundos, um barulho de vidro se quebrando, estava pedindo a Deus que fosse um animal qualquer. Meu marido foi até o guarda-roupa e pegou um taco de baseball, ele desceu as escadas até a cozinha sem fazer barulho algum, enquanto fiquei no quarto esperando-o voltar.
Se passaram alguns minutos e nada dele voltar, já preocupada fui em direção à cozinha vagarosamente chamando bem baixinho pelo seu nome, mas nada dele me responder. Em um milésimo de segundos fui surpreendida com um golpe muito forte na cabeça, desmaiando logo em seguida.
Quando acordei estava amarrada das mãos aos pés numa cadeira. Ao olhar para meu lado esquerdo notei que meu marido também estava, mas com um diferencial, sua cabeça estava completamente esmagada, o sangue escorria pelos seus braços e pingava pelos seus dedos manchado todo o piso de madeira. Vendo aquela cena memorável comecei a chorar e gritar, logo dois homens altos, com roupas de couro e máscaras de palhaços entraram no cômodo, um deles estava segurando o taco de baseball do meu marido, que estava completamente coberto de sangue e cabelo.
– Nossa, o trabalho de vocês dois foi realmente esplêndido, sabia que contratar vocês para fazer meu trabalho sujo seria uma ótima ideia – disse aliviada após ver os dois homens.
Há um mês contratei esses dois assassinos para se livrarem do meu marido, com a sua morte eu ficaria com todo o dinheiro do seu seguro e indenização, claro, queria participar desse espetáculo e ver de perto a sua miserável morte. Arquitetei o plano fantástico de me passar por vítima e não ser culpada pelo seu assassinato. O plano estava indo bem, mas quando os assassinos retiraram suas máscaras percebi que não eram os que havia contratado.
Expendido J.H. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻