O Quarto
- G.P.

- 17 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de mar. de 2021
Já não tenho mais noção de tempo.
Há quantos dias estou aqui? Há quanto tempo estou neste inferno?
Todos os dias um homem vem até aqui, confere se a corda em meus punhos e pés estão firmes, me oferece pão velho e um copo de água, e sai.
Não há janelas, somente uma porta que não sei se leva ao exterior ou a outro cômodo. Em frente a porta há algo que bloqueia minha visão, então jamais vejo quem chega ou o que há além da porta.
Neste cômodo não tem cama ou móveis, apenas esta cadeira na qual me encontro presa.
Lembro vagamente de estar em casa, vendo um filme qualquer e bebendo um vinho. Até sentir uma dor terrível em minha nuca, logo após o ocorrido acordei neste quarto escuro.
Além da visita deste homem, outros três aparecem esporadicamente.
O primeiro gosta de me espancar, ouvir meus gritos e lamber minhas lágrimas. Seu cheiro é horrível, quase como se estivesse a apodrecer. Quando entra no cômodo, me venda e ouço um interruptor; por isso sei que há uma lâmpada aqui. Não fala, somente ri como se as agressões fossem a parte mais divertida de seu dia. (In)Felizmente não atinge pontos que podem me matar, geralmente corta meus braços ou bate em minhas pernas até que se quebrem. Sua língua nojenta passeia por meu rosto enquanto apaga cigarros e fósforos em minha pele, e seu bafo... Seguramente é o cheiro da morte. Sei que todos os meus dedos já foram quebrados em um dia que decidiu usar um tijolo, os esmagou um a um. Dentes já foram arrancados sem qualquer anestesia, meu nariz fraturado várias vezes... Ao fim, alguém vem, realiza alguns curativos e primeiros socorros para impedir que morra. Acredito que seja uma mulher, pois seu toque é sempre suave e possui um aroma doce cada vez que vem.
O segundo homem me estupra. Da mesma forma que o primeiro, sou vendada assim que chega e se iniciam as sessões intermináveis de tortura. Sempre retira minha roupa com muito cuidado, para não as danificar, me amordaça e me penetra sem nenhuma cerimônia. É horrível a dor que sinto, é como se estivesse a me rasgar por dentro... Quando sinto umedecer, logo após vem o cheiro de sangue; e é nesse momento em que sei que estou completamente ferida em meu interior. O mesmo faz em meu ânus, por vezes cospe, mas na maior parte das vezes ele só penetra sem qualquer lubrificação. A essa altura, minha garganta está completamente machucada pelo tanto que gritei, meu rosto está banhado em lágrimas e apenas sei pedir pela morte. Seus dedos ásperos entram em mim, me fazendo chorar ainda mais de dor. Ele ri e geme, ficando mais e mais excitado a cada grito que dou, até, por fim, ejacular em meu rosto. A mesma mulher entra, me limpa, me veste e vai embora sem dizer uma palavra.
O terceiro homem me faz comer vermes e insetos dos mais variados tipos. Também me venda assim que entra no quarto, e logo ouço os besouros e demais insetos no recipiente que traz. Tira minha calça e minha calcinha, pois se não abro minha boca, ele põe os insetos em minha vagina. Nem sei quais insetos já comi, mas lembro de minhocas, grilos, besouros e aranhas dos mais variados tamanhos, Cada vez que vomito, desfere um tapa muito forte em meu rosto e me faz comer os insetos junto com meu vômito. Quando se dá por satisfeito, a mulher entra, me limpa, veste minha calcinha e minha calça e se vai.
Cada dia neste lugar é um inferno...
Um doce e delicioso inferno.
Afinal de contas, eu que os contratei,





Top demais!!